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APIs como estratégia de inovação para a TI corporativa

Estamos vivendo um momento interessante, ou no mínimo intrigante, na história da TI corporativa. Nunca se falou tanto da sua importância para os negócios (digitalização dos ativos entregáveis) e da necessidade de inovação nas empresas para se manterem  competitivas. Por outro lado, se verifica que a capacidade de entregar em tempo hábil destes departamentos é severamente criticada. Não é raro se deparar com departamentos de TI com um back log (lista de pendências) que cresce a taxas muito mais expressivas do que a lista de entregas realizadas no mesmo período. A consequência direta deste fenômeno é que o departamento de TI passa a ser visto como burocrático (o que é uma verdade em muitos casos) e é chamado somente para operacionalizar as novas iniciativas. É a “morte “ deste departamento como agente de inovação e do CIO como executivo estratégico.

Ao mesmo tempo que este fenômeno  se verifica e, até mesmo, se acentua, não nos faltam exemplos de empresas que conseguiram inovar através do valor de diferenciação da informação para os negócios (sejam eles próprios ou de parceiros). São exemplos disso, empresas como: Amazon, Facebook e Google. Foram várias as inovações que estas empresas trouxeram ao mercado, não apenas no que nos ofertam (parte visível), mas principalmente na forma como organizam seus negócios (parte invisível). Em todos estes casos, as empresas desenvolveram modelos de negócio onde se transformaram em plataformas de negócio. Portanto, enquanto plataforma de negócios, seus produtos/serviços servem não apenas para seus interesses próprios, mas principalmente como “blocos” de construção para outras iniciativas que se apoiem naquilo que elas disponibilizam/comercializam.

E como fazer isso na sua empresa? Como a TI pode tirar a cabeça do lamaçal de pendências e ajudar na diferenciação/inovação dos negócios?

Que tal se no lugar de tentar resolver/implementar todas as soluções o departamento disponibilizasse os dados ou funções de negócio, através da web, para que outros departamentos ou parceiros de negócio possam consumí-los? É exatamente para isso que servem as APIs.

Entretanto, antes que se possa expor os dados ou funções de negócio é fundamental que se crie uma camada de serviços sobre o legado de sistemas/aplicações já existentes. Esse legado entrega muito valor aos negócios e permite que a empresa opere mantendo o seu status quo, mas costuma trazer uma grande dificuldade para inovação e para a integração com os demais parceiros da cadeia de valor em que a empresa está inserida. Quando se passa a contar com uma camada de serviços robusta e ágil então se pode expor este ativo através das APIs.

Assim como existem parceiros de negócio internos e externos, também existem APIs visíveis somente no ambiente interno da sua empresa e aquelas que podem ser disponibilizadas para os parceiros externos. O mais interessante desta disponibilização das APIs é que o departamento de TI passa a se transformar em uma plataforma de negócios. Primeiramente para os demais departamentos da própria empresa, que agora podem contratar, livremente , recursos para desenvolver suas próprias soluções baseadas em informações disponibilizadas através das APIs. Ou seja, os demais departamentos da empresa não dependem mais da capacidade direta de entrega da TI, pois conseguem avançar através do uso das APIs e de recursos que podem contratar diretamente. Isto incentiva e acelera os projetos de inovação por toda a empresa e devolve para a TI o valor que ela tem para os negócios.

No segundo momento, quando as APIs passam a estar disponíveis para o ambiente externo da empresa, a TI deixa de se comportar apenas como uma plataforma de negócios interna para se tornar uma plataforma de negócios dentro da cadeia de valor ou do setor no qual a empresa está inserida. É neste momento em que se abrem oportunidades de inovação para as entidades externas e onde o valor que a sua empresa entrega às demais entidades aumenta de forma significativa, gerando fidelização.

Enfim, quando a informação que é disponibilizada pela sua empresa, através das APIs, se transforma em um ativo de valor dentro de outra empresa então se define um relacionamento de fidelização entre estas entidades.  Isto aumenta,  de forma significativa, a importância  dos seus negócios para toda a cadeia. É neste momento que se pode dizer que TI deixa de ser um departamento para ser o próprio negócio da empresa.

Este é um caminho através do qual a TI pode assumir o seu papel estratégico, permitindo a inovação contínua e entregando valor para os negócios. Se outras empresas fizeram a sua também pode fazer.

Alexandro Strack CIO da Gefco Logística do Brasil, bacharel em matemática com pós graduação em TI e MBA em Gestão de Negócios. Empreendedor de diversas iniciativas na área de TI. LinkedIn: alexandrostrack Twitter: @realAlexStrack

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