Conteúdo Mundo API

Como as APIs do IBM Watson estão transformando a indústria da saúde

Imagine se você tivesse uma doença rara e não diagnosticada que surpreendesse todos os médicos que lhe examinassem. E se houvesse um banco de dados seguro e simples que pudesse ler os seus sintomas e percorrer centenas de estudos clínicos, registros similares de pacientes e livros médicos para lhe apresentar uma lista correspondente de possíveis doenças?

Um ano logo após seu lançamento, o IBM Watson Health está começando a fazer dessa tarefa aparentemente impossível uma realidade, graças à sua poderosa plataforma de computação cognitiva e uma ampla estratégia de parcerias.

A perspectiva do Watson é permitir melhores cuidados médicos, pavimentando os insights de quantidades massivas de dados, pessoais e acadêmicos, sobre saúde, que são gerados todos os dias. Mas a IBM precisa de parceiros nas áreas médica, farmacêutica e hospitalar para tornar isso relevante para o plano profissional. Instituições e companhias como a Mayo Clinic, CVS Health e o Memorial Sloan Kettering Cancer Center estão adaptando a tecnologia inovadora para aplicações na vida real.

“Nenhuma companhia é grande o bastante para transformar uma indústria por si só”, diz Kathy McGroddy, vice-presidente da IBM Watson Health, “Precisa-se de uma aldeia inteira para mudar algo”.

Um dos pilares do programa da IBM com os cuidados médicos é a aplicação do Watson para Oncologia, desenvolvido em parceria com o Centro de Câncer Memorial Sloan Kettering (MSK) de Nova Iorque.

Alguns dos oncologistas da MSK tem alta expertise em tipos específicos de câncer. Treinando o Watson para pensar como eles fazem, esse conhecimento se expande de um médico para qualquer médico que esteja acessando o Watson. Isso significa que o paciente pode ter o mesmo tratamento de alto nível que teria se ele viajasse diretamente para o escritório central em Manhattan. O IBM Watson oferece a plataforma de APIs para aprender, conectar e armazenar os dados, enquanto a MSK compartilha seu conhecimento para treinar o computador.

O aplicativo, que pode ser executado em um iPad ou outro tablet, é capaz de condensar todo o conhecimento dos oncologistas da MSK em um único lugar, utilizando APIs, de forma que qualquer médico de qualquer lugar possa oferecer cuidados de alto padrão contra o câncer. Isso é substancial para pacientes que vivem em áreas sem serviços médicos especializados, como os países de baixa renda ou áreas rurais.

“Esse tipo de conceito já estava previsto, não era uma questão ‘se’ iria acontecer e sim ‘quando’ iria acontecer” – disse Mark Kris, médico oncologista na MSK e líder em física na colaboração da instituição com o IBM Watson. “Nós sabíamos que queríamos fazer parte do time que desenvolveu isto”.

A IBM e a MSK estão fortemente relacionadas por muitos anos, fazendo da sua parceria uma evolução natural. O presidente e o CEO da IBM – Lou Gerstner e Ginni Rometty fazem parte do conselho da MSK. E foi a MSK que se aproximou primeiro da IBM sobre utilizar o Watson, depois de assistir o computador ganhar de dois grandes campeões do show de TV Jeopardy! (Versão americana e original do “Jogo do Milhão”), David Kerr, diretor corporativo de estratégias da IBM escreveu em 2012: “Dou crédito aos líderes da MSK por auspiciar o caminho de impacto gigantesco no tratamento mundial de câncer.”

Revolucionando o acesso

A parceria significa que qualquer médico de qualquer lugar pode consultar as APIs do Watson para Oncologia por um App de iPad, se o hospital licenciar o programa.

Por exemplo, digamos que um paciente tenha um câncer genético e raro de pulmão, e temos um médico com especialização generalizada em câncer que não teve tempo de se atualizar com últimos tratamentos específicos para câncer de pulmão. Levando em consideração que apenas no último ano, a FDA aprovou pelo menos sete drogas novas para tratamento de câncer de pulmão. O médico em questão pode não estar a par de como melhor utilizar essas drogas, ou mesmo saber se elas se aplicam a este paciente.

Enquanto isso, o Watson para Oncologia foi alimentado com os estudos de casos anteriores pelos especialistas em câncer de pulmão no MSK, então o Watson analisa o caso e irá oferecer ao médico uma lista de tratamentos em potencial, com um ranking de sucesso e risco para cada opção. O médico avalia a lista proposta pelo Watson e toma a decisão do tratamento final na consulta com o paciente.

É essa singularidade transformadora para ambos os médicos e os pacientes, pegando a expertise centralizada em Nova Iorque e distribuindo-a por áreas tão longes quanto a Índia e a Tailândia, aonde o Watson para Oncologia já está sendo utilizado em hospitais selecionados.

“Se isso não for para que as pessoas possam se beneficiar, é simplesmente irrelevante”, disse Kris, “Isso não é apenas para ser teórico”.

A IBM e a MSK não divulgaram detalhes da parceria, mas há entre eles um acordo com receita compartilhada de forma similar como as companhias farmacêuticas lidam com o licenciamento de novas drogas.

Além do Câncer

Enquanto o Watson Health colabora com mais de doze institutos de câncer para encontrar novas maneiras de tratar a doença, seus parceiros também avançam para além dos tratamentos de câncer. Como a CVS Health, que utiliza análises preditivas para transformar o gerenciamento dos cuidados de pacientes com doenças crônicas, um modo importante de ampliar os cuidados para fora do consultório médico.

Outros parceiros Watson Health incluem:

Medtronic: Predizendo episódios hipoglicêmicos em pacientes diabéticos com aproximadamente três horas de antecedência, prevenindo crises devastadoras.

Apple: Armazenando e analisando dados do ResearchKit.

Johnson & Johnson: Analisando artigos científicos para encontrar novas conexões para o desenvolvimento de novas drogas.

Under Armour: Provendo um “Sistema Cognitivo de Treinamento” que provê treinamentos a atletas acerca de sono, fitness, atividades e nutrição.

Cada um desses programas são uma parceria equitativa entre a IBM e a outra empresa, cada qual com o seu modelo próprio e exclusivo de negócios. É um trabalho em duas mãos para treinar o Watson e estabelecer uma plataforma funcional de consulta ao supercomputador.

“O que está acontecendo em cuidados com a saúde são coisas novas, novas ideias e novos modelos. Há uma oportunidade de realmente olhar por diferentes meios de criar e compartilhar valores juntos”, diz McGroddy.

O Ecossistema do Watson Health

A IBM também abre a sua plataforma de APIs para permitir que outras companhias desenvolvam seus próprios programas. O Watson disponibiliza suas habilidades por meio de APIs, facilitando que companhias de todos os tamanhos utilizem a computação cognitiva de acordo com suas necessidades. Desenvolvedores, empresários, hobbistas e estudantes construíram mais de 7.000 aplicações através do ecossistema do Watson.

Welltok é um dos exemplos, essa companhia aonde a IBM investiu, trabalha diretamente com seguradoras e segurados para encontrar formas de engajar os consumidores a adotarem hábitos saudáveis. O aplicativo “CaféWell Concierge” utiliza as APIs das habilidades de computação cognitiva do Watson para oferecer insights customizados aos pacientes, baseados em seus perfis, ajudando eles a encontrarem um restaurante saudável nas proximidades, e, ou, fornecendo detalhes sobre a sua saúde.

Ultimamente, essas grandes e pequenas parcerias tem o intuito de dar ao IBM Watson Health a amplitude de ajudar pacientes e médicos a tomarem decisões melhores. O objetivo é eventualmente entregar um cuidado mais efetivo, seja através de um rápido desenvolvimento das drogas, de recomendações personalizadas de saúde ou por descobrir novos tratamentos genéticos.

“Esses são benefícios imensos”, diz Rob Merkel, vice-presidente do grupo de saúde do IBM Watson. “Não é como um processo de reengenharia em um modelo de negócios tradicional aonde você corta os pontos ineficientes e economiza dinheiro. Você está falando sobre mudar de forma fundamental a vida das pessoas”.

Transformando a Gigante Azul

O Watson também teve o intuito de ser uma máquina da transformação dentro da própria IBM, uma companhia de 104 anos que se mantém – pelos últimos 21 anos – na lista Fortune das 500 maiores empresas. A empresa está afiando sua divisão de computação cognitiva através de diversas áreas – desde serviços financeiros, passando pela inteligência artificial e indo até os cuidados com a saúde – e o papel do Watson na Gigante Azul está se tornando cada vez mais vital.

“A visão do Watson Health é de servir como um catalisador para salvar e melhorar a qualidade de vida pelo mundo, além de diminuir custos através da computação cognitiva” diz McGroddy. “Sobretudo, do ponto de vista dos negócios, nós precisamos fazer isso crescer muito, muito rápido. Não é apenas sobre transformar os cuidados com a saúde, é sobre transformar a IBM também”.

Rometty tem repetido continuamente a importância da computação cognitiva em larga escala, chamando isso de “o despertar de uma nova era”. Ele dedicou mais de 4 bilhões de dólares para construir a plataforma do Watson Health, por meio de aquisições, indicando o quão importante esse negócio é para a empresa. Recentemente, a Gigante Azul pagou 2,6 bilhões de dólares para a Truven pelos seus dados analíticos de saúde, o que ampliará a sua base de dados para 300 milhões de pacientes, o acordo também irá dobrar o tamanho da equipe Watson da IBM para aproximadamente 5 mil empregados.

Em termos do potencial lucrativo do Watson, a IBM não falou exatamente com o quanto ele contribui para a base do seu fluxo de caixa. Mike Rhodin, o vice-presidente sênior do Grupo IBM Watson, disse para a Fortune em setembro de 2015 apenas que o Watson é “uma grande parte do nosso crescimento geral, que correspondeu a 17 bilhões de dólares no último ano”.

Não há dúvidas que big data e a tecnologia tem o potencial de transformar os cuidados com a saúde. Um registro eletrônico de um paciente tem em média 400 gigabytes de informação. Se você adicionar a informação genética, isso soma a quantidade de dados para 6 terabytes, diz Merkel. Então, pense sobre efetuar a referência cruzada dos dados totais de um indivíduo com a literatura médica existente, ou com milhares de outros pacientes.

“É além da cognição humana ler toda essa quantidade de informação” diz Merkel. “Nós estamos tentando prover insights através desses dois domínios: conhecimento e dados. Ultimamente, nós queremos impactar na vida das pessoas oferecendo novos níveis de insights”.

Traduzido de: Fortune.com

Comentários

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *