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Como open data e APIs estão transformando cidades

Ninguém gosta de ver sua rua interditada por algum projeto de utilidade pública. Pior, ninguém gosta de descobrir que um novo projeto está causando congestionamento no horário de pico. Em Los Angeles, onde praticamente todo mundo dirige, projetos na rua são loucura e podem se tornar uma tremenda dor de cabeça se não forem bem planejados.

Por isso que a prefeitura da cidade lançou o Street Wize, que usa open data para que os cidadãos pudessem ver se o caminho que utilizam está programado para algum reparo público.

Informações como essa sempre existiram em governos locais, mas quase nunca houve tentativas de abrir dados e publicá-los de forma que pessoas pudessem entender, seja funcionários públicos ou moradores. Mas atitudes para tornar dados da cidade disponíveis publicamente tem passado por um mar de mudanças nos últimos anos. Começado pela demanda de tornar o governo mais transparente e a informação mais fácil de disseminar, a ideia se espalhou pelo setor público. Mas seu maior impacto, indiscutivelmente, foi a nível local, no qual cidadãos interagem com o governo mais frequentemente.

GovLab, laboratório de pesquisa comandado pela New York University, aponta o open data como responsável por mudanças em nossa vida de 4 formas significativas:

  1. Melhorou o governo principalmente por aumentar a transparência e combater a corrupção, além de melhorar serviços públicos de forma inovadora
  2. Empoderou os cidadãos ao lhes dar informações para tomarem decisões de forma mais inteligente e fácil de mobiliar socialmente, auxiliado por novas formas de comunicação e de acesso à informação
  3. Liberar dados tem fomentado inovação e, mais importante ainda, crescimento econômico e criação de empregos
  4. Isso tem tomado um papel importante em fornecer aos cidadãos e agentes políticos novas formas de avaliar problemas enquanto permite envolvimento cívico que tem gerado intervenções e melhorado a colaboração.

Governos começaram a deixar dados disponíveis publicamente através de portais web. Esses esforços trouxeram muitas vezes resultados mistos quando se trata da utilidade do open data. Em alguns casos, os dados estavam travados por conta do formato utilizado (normalmente PDF). E principalmente, cidades falharam ao desenvolver uma API adequada para que desenvolvedores pudessem usar para consumir dados e criar valor por novos serviços.

Esforços iniciais para criar APIs para open data eram informais, comumente realizadas como parte de um hackathon. Mas conforme cidades passaram a reconhecer como podem estimular novas formas de entrega de serviço no desktop ou, mais importante ainda, em dispositivos mobile, maior era a pressão para formalizar como suas APIs eram desenvolvidas. E por uma boa razão. APIs combinadas com open data levaram à criação de app que atribuem o “inteligente” a “cidades inteligentes”.

Por exemplo, um número crescente de cidades lançaram programas de compartilhamento de bicicletas. Mas cidades experientes apoiaram desenvolvedores de software a criar apps que ajudam ciclistas a escolher a melhor rota para chegar a seu destino. APIs bem desenvolvidas permitem o usuário a consultar dados para encontrar uma resposta.

Mas APIs são muito mais do que uma forma de conectar o usuário com dados de uma forma inovadora. Elas também tratam de funcionalidade, empoderar cidadãos a fazer novas coisas de forma mais eficiente. Uma das cidades líderes é Barcelona. A cidade espanhola desenvolveu uma reputação global de publicação de APIs em departamentos governamentais que incluem dados de trânsito, meio ambiente, território e negócios. A cidade também tem uma plataforma de infraestrutura open source que usa APIs para acessar dados de sensores que monitoram temperatura e qualidade do ar, coleta de lixo, fluxo de pedestres etc.

O desenvolvimento de APIs para cidades digitais se tornou tão importante que a União Europeia lançou uma iniciativa chamada City Service Development Kit que fomenta desenvolvimento de APIs interoperáveis e uniformes para cidades que pode tornar dados de 311 sistemas em novos tipos de serviços, transportando dados geográficos para soluções de mobilidade, além de APIs que fornecem serviços baseados em localização para turistas, por exemplo.

Nos EUA, várias cidades – incluindo Boston, New York, São Francisco e Seattle – tem se mostrado agressivas com relação a abertura de dados e desenvolvimento de APIs. Philadelphia também entrou na onda do open data, tornando-se um dos maiores governos a usar o GitHub, um serviço de hospedagem para gerenciamento de códigos open source que tem impulsionado colaboração e desenvolvimento mais rápido de novos serviços de software que usam os dados abertos da cidade.

A importância de open data e APIs não se limita ao bem público que criam. Open data é cada vez mais visto como uma ferramenta poderosa de desenvolvimento econômico. A consultoria McKinsey estima que o potencial econômico de open data é de mais de 3 trilhões de dólares em valor adicionado à economia global. Open Data 500 do GovLab é uma lista de empresas que se beneficiam de informações publicadas pelo governo federal.

Mas desenvolvimento econômico não começa a fluir quando a cidade publica dados. A informação precisa ter um formato padronizado para que empresas possam usar, sendo que isso precisa ser mantido atualizado. As cidades também precisam decidir quais dados publicar. Existem custos escondidos na publicação de open data e os gastos podem aumentar rapidamente se a cidade não for inteligente sobre qual dado tornar disponível publicamente.

Governos que prestam atenção a essas práticas encontrarão suas iniciativas de open data não só mais rentáveis como vão entregar mais valor para o público em geral.

Traduzido de GovTech

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