O QCon, um dos eventos mais aguardados do ano por desenvolvedores, começou ontem (28) com trilhas dedicadas a temas como Internet of Things, Cloud, Big Data e DevOps até dia 30, sendo que os dois últimos dias da conferência contarão com workshops – dois deles de APIs. Destaque para a sexta-feira onde Vinícius Pacheco, analista do Gobo.com, dará workshop de criação de APIs e microservices de alta performance com Go.
Apesar do evento não ser totalmente direcionado a APIs, ficou nítida a importância das APIs quando o assunto era a tecnologia moldando novas formas de negócios. Para aqueles que querem seguir o exemplo de Twilio, Stripe, TripAdvisor, Amazon e Facebook, é preciso apresentar no design de sua API ideal a simplicidade, reusabilidade, extensibilidade, consistência e manutenabilidade, garantindo o funcionamento e o sucesso de seu negócio.
A temática da transformação digital aliada a estratégias de APIs foi abordado no evento: a palestra do iFood sobre o impacto das web APIs em seu negócio teve inclusive público assistindo em pé tamanho o interesse no assunto. Tiago Dolphine, responsável pela arquitetura e desenvolvimento de sistemas de APIs no app, narrou os principais desafios envolvidos no crescimento exponencial do número de pedidos que recebia e como as APIs suportaram a demanda: de 28 mil pedidos mensais em 2013, o iFood passou a ter 800 mil em 2015 e este ano já passa da marca dos 1,4 milhões por mês. Ele também ressaltou a importância de tornar APIs públicas para parceiros: “Parceiros do iFood, restaurantes ou redes de restaurantes e até mesmo empresas que cuidam da gestão de restaurantes conseguem se integrar com o iFood a partir de APIs para sincronizar restaurantes, cardápios, receber pedidos. Então isso permite que o negócio do iFood ganhe como um todo, expandindo o seu negócio para parceiros graças às APIs”. Por enquanto, as APIs do iFood são abertas somente para parceiros, mas em um futuro próximo pretendem abrir para desenvolvedores terceiros também. “É inevitável”, completa Tiago.
Já a palestra conduzida por Jonathan Rasmusson tratou da cultura da organização interna e estratégias utilizadas pelas equipes do Spotify que outras empresas podem (e devem) adotar neste contexto de pressão por inovação digital. O agile coach do Spotify contou que o segredo da empresa é agir como uma startup, dividindo seus funcionários em equipes pequenas e dotadas de liberdade para criação de novos recursos para o player de música. Para isso, é fundamental que os funcionários usem o serviço e estejam disponíveis a ajudar uns aos outros em suas empreitadas. O ambiente inovador só funciona com uma liderança humilde e colaborativa que, no caso do Spotify, promove vários Hackdays e Hackweeks no ano, ficando na criatividade de seus profissionais.
“É interessante ver que toda a base de crescimento [do Spotify] é baseada na confiança depositada nos times e que os próprios times tomam decisões para o negócio. É muito legal porque é diferente do que estamos acostumados a ver por aqui”, diz Brunno dos Santos Leite, desenvolvedor da Locaweb, após a palestra.
A cultura toma força neste cenário: André Fatala, CTO do Magazine Luiza, narrou em palestra a transição de uma empresa tradicional com apenas um departamento digital para uma “empresa digital com pontos físicos e calor humano”, compartilhando com o público os motivos de ter sido essencial focar na estratégia core do negócio, suas pessoas e valores para atingir seus objetivos. Fatala contou que para o Magazine Luiza estar no QCon como um caso de sucesso “significa que estamos conseguindo atingir nosso objetivo de construir coisas relevantes, estamos mostrando que o que estamos fazendo dentro do Magazine é relevante para a comunidade”. Sobre o QCon, diz que trata-se de uma troca: “Acho que é o único evento em que vemos pessoas podendo realmente compartilhar as coisas na sua essência”, referindo-se à grande oportunidade que a conferência traz para que desenvolvedores mostrem as soluções que utilizam e quais problemas enfrentam em seus desafios, buscando sempre exemplos a serem seguidos.